Por mais que suas seis filhas, tenham tido tempo e oportunidade de se prepararem para comandar o grande império erguido por Silvio Santos, que morreu neste sábado (17/08/24), aos 93 anos, conforme noticiado por ND1, sobra a elas a onipotência com que o pai sempre conduziu o SBT e falta-lhes justamente o maior ativo dele: carisma e seu poder de comunicação para "vender ideias", nesse especial o NDM, toca em um tema estratégico, para a sobrevivência do SBT.
O poder de persuasão de Senor Abravanel, exímio vendedor desde a adolescência, o livrou de arcar com o ônus dos erros cometidos ao longo de sua vida, como no caso do rombo bilionário do antigo banco da Família Abravanel, o Panamericano.
Silvio costumava contornar diversos problemas na sua trajetória empresarial por meio de sua oratória e talento em se comunicar, predicados que podem não ter se transferido para a prole, exceto no caso da Patricia Abravanel. Esse é um ponto que já vinha pesando nos negócios do grupo mesmo antes da morte do homem do baú, afastado das decisões do SBT e do foco das câmeras desde o segundo semestre de 2022.
Não tem sido diferente do que o próprio Silvio fez com Luciano Callegari, seu braço direito desde os idos da Caravana do Peru Que Fala e dos primórdios do Programa Silvio Santos, ainda na TV Paulista, canal 5 de São Paulo. No final dos anos 1990, Callegari deixou o SBT, após enfrentar uma série de desgastes com o patrão, que tampouco gostava de ser contrariado.
Silvio sempre foi conhecido por alterar a programação do canal como quem muda de roupa, por meio de telefonemas a qualquer hora do dia ou da noite e sem se importar com a insegurança de tal instabilidade frente ao público e seus anunciantes, aqueles que pagam as contas da emissora.
É importante destacar que já não funciona mais aquele modelo que permitiu o crescimento do SBT e a conquista da vice-liderança de audiência - perdida para a Record ainda com Silvio à frente da emissora, agora o adversário é ainda mais forte que a própria Rede Globo, trata-se da Internet que a vice-presidente do SBT tenta se adaptar para não perder relevância, vide o recente lançamento do +SBT, plataforma própria de streaming da casa. Agora, é torcer para que dê tudo certo!
Na era do streaming e da fragmentação da atenção do público entre tantas telas, os erros são infinitamente mais onerosos ao caixa da firma e podem ser fatais para a saúde financeira do grupo, que sabidamente não vai bem.
Por mais que se admita a necessidade de a televisão aberta lidar com uma competição maior, e ela vive isso de forma "selvagem" com as novas plataformas, como o próprio Youtube - que vem garfando cada vez mais espaço no mercado publicitário e audiência de modo geral, o SBT viverá nesse contexto sem o seu maior ativo.
Silvio era tão hábil no poder de persuasão que driblou com maestria os questionamentos sobre o rombo de R$ 4,3 bilhões revelado em 2010 na contabilidade de seu banco, o Panamericano.
Quatro anos depois, em depoimento à Justiça Federal, disse que não entendia nada de banco e que seu negócio era animar auditório. Provocou risos na corte. Na saída da audiência, disse a repórteres que não era da polícia para saber o que gerou a fraude contábil. Acharam graça na resposta.
O SBT, vale lembrar - surgiu após uma concorrência pública feita pelo Governo Federal - para a criação de duas novas redes de televisão, sendo o SBT criado a partir de algumas concessões cassadas da extinta Rede Tupi, sendo estas a de São Paulo (antiga matriz da Rede Tupi), a de Porto Alegre e a de Belém (as antigas concessões da rede Tupi em Belo Horizonte, Fortaleza, Rio de Janeiro, Recife, além da antiga concessão da matriz da Rede Excelsior em São Paulo, deram origem a Rede Manchete, antecessora da RedeTV!).
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